ESG: a sigla que chegou para ficar. Se você acompanha o mercado de investimentos ou veículos de notícias sobre o meio empresarial, com certeza já ouviu algo sobre esta sigla. De modo resumido, ela significa Environmental, Social and Governance, e ganhou destaque nos últimos dias justamente por prever a superação de um mercado fundado apenas no lucro, e representar a ascensão da preocupação empresarial com o meio ambiente, sociedade e governança.
A pandemia ocasionada pelo novo coronavírus mostrou ao mundo as vulnerabilidades que o permeiam. Além dos milhares de mortos, desempregados e exposição ainda maior de populações vulneráveis, as empresas viram suas atividades correrem o risco de acabar. E os cientistas alertam que, caso não sejam realizadas medidas imediatas, as consequências da crise ambiental serão tão ruins quanto, ou até piores. Sem contar os últimos casos de corrupção que assombraram o Brasil e o mundo. Por esse motivo, o setor empresarial precisa estar adaptado às crises e encontrar maneiras de evitá-las.
Por isso, o mercado está buscando soluções. E, pelo o que parece, o nome de um dos remédios tem três letras: ESG. Então, se você quer entender o que de fato é esta sigla, a importância de aplicá-la e como fazer isto, continue a leitura! Ficaremos felizes em te explicar e, ainda, no final, preparamos duas dicas bônus para você!
ESG: o conceito
Em inglês, a sigla significa Environmental, Social and Governance. No entanto, em português o termo pode ser encontrado como ASG: Ambiental, Social e Governança. Mas o significado é mais profundo do que apenas as palavras cruas. ESG são princípios para guiar o setor empresarial e o mercado de investimentos. É a incorporação da sustentabilidade no mundo corporativo.
A justificativa para a ênfase do ESG nos últimos tempos decorre do cenário caótico em que a sociedade se encontra, o qual demanda ações de todos os atores sociais. Isto inclui o setor empresarial. Apenas no ano de 2020, a sociedade precisou – e ainda precisa, lidar com uma pandemia e elevados números de queimadas em biomas fundamentais para a qualidade de vida. Além de lidarmos com frequentes casos de corrupção, os quais abalam a confiabilidade nos governos e empresas.
Por conseguinte, os investidores e os consumidores se tornaram mais criteriosos em relação às práticas empresariais, exigindo que estas sejam fundamentadas no ambiental, social e na governança.
Desse modo, no mercado de investimentos, é investimento ESG aquele que incorpora tais princípios como critério de análise. E no setor empresarial, atua em consonância com ESG aquela empresa que os incorpora em suas condutas.
O objetivo é quebrar o paradigma de que as empresas buscam apenas o lucro. É mostrar que elas também estão comprometidas com a ética, com a diversidade e com o meio ambiente. Isto é, mostrar para os investidores, colaboradores e consumidores que as preocupações transpassam a questão do lucro e que o seu negócio está preocupado em contribuir para um mundo mais justo e saudável.
Pode causar estranheza, tendo em vista que é um termo recente no Brasil. Então, não se assuste! Você, empresário ou empresária, pode incorporar o ESG em sua atividade e obter vantagens com isso, como veremos a seguir.
6 motivos para você aplicar em sua empresa
Agora que você entendeu o que é a sigla ESG, chegou o momento de te convencermos das razões pelas quais você precisa acrescentá-la ou aprimorá-la em sua atividade empresarial. Para isso, te mostraremos seis motivos para adoção destes princípios como estratégia empresarial, diminuindo custos e se tornando mais competitivo no mercado.
- ATUAR COM PRECAUÇÃO
Você com certeza já ouviu falar que as mudanças climáticas estão ocorrendo ou, recentemente, que novas pandemias virão. Sabemos que isto afetará todas as áreas da sociedade, inclusive, a empresarial, de modo a demandar ações preventivas. Afinal, que mundo para negócios sobrará quando a situação for irreversível?! Qual atividade empresarial possui garantia de que sobreviverá?
Assim, atuar com precaução é fundamental. É impedir que tais problemáticas ocorram ou mitigar seus impactos. Dessa maneira, ao inserir os princípios ESG em sua atividade, você estará agindo com precaução e contribuindo para evitar que tais crises sejam irreversíveis e impeçam a atividade empresarial.
Isto é, agir de modo precaucional é garantir a sobrevivência de sua atividade empresarial a longo prazo, tendo em vista que esta está condicionada à continuidade da espécie humana.
- ADAPTAÇÃO À CRISE
A segunda vantagem pela qual adotar práticas ESG é uma estratégia positiva, está relacionada à adaptação à crise. Caso não seja possível evitar todos os efeitos das futuras crises, a solução está em se adaptar aos seus impactos.
Como vimos com a pandemia do novo coronavírus, quem já estava implementando a modalidade de trabalho home office sofreu menos do que quem precisou implementar de última hora. Ou seja, quem já estava adaptado, lidou melhor com a crise. E, remetendo ao exemplo citado, a adoção da modalidade home office, mesmo que alguns dias na semana, é uma maneira de aplicar ESG, haja vista que reduz a liberação de carbono.
Portanto, aderir às práticas ESG é estar um passo à frente. É não esperar a crise chegar para poder lidar com ela. Assim, é possível obter melhores resultados, os quais decorrem do planejamento e estruturação.
- ATRAIR INVESTIDORES
O terceiro motivo talvez seja o mais atraente para o setor empresarial: atrair investidores. Conforme demonstrado anteriormente, ESG é uma tendência mundial. Isto, consequentemente, demonstra que os investidores estão atentos e criteriosos em relação às práticas das empresas.
Os critérios de sustentabilidade ganharam força. Estas exigências também foram elencadas em importantes documentos internacionais, como o Manifesto de Davos, em 2019. No referido Manifesto, foi dito que a empresa deve estar comprometida com todos os seus colaboradores, clientes, fornecedores, comunidade e com a sociedade em geral.
É fato e decorre do cenário anteriormente descrito. Afinal, quem gostaria de investir em uma empresa envolvida em casos de corrupção ou responsável por um grande desastre ambiental? Os exemplos são claros: empresas como a Vale e a Eletrobrás foram excluídas por investidores estrangeiros, após o acidente de Brumadinho, no caso da Vale, e de episódios de violação dos direitos humanos na construção da Usina de Belo Monte, no caso da Eletrobrás.
Ainda, como será visto em seguida, os consumidores também estão mais exigentes. Isto reforça os critérios dos investidores, haja vista que optarão por investir onde há potencial de crescimento. Há também investidores que estão assumindo compromissos relacionados à ESG e, consequentemente, só irão investir em negócios que também estejam alinhados.
Logo, se os investidores estão em busca de investimentos responsáveis e sustentáveis, o setor empresarial precisa de cumprir estes requisitos para poder continuar competitivo. Dessa maneira, ao adotar práticas dentro dos princípios ESG, a sua empresa cumprirá estes requisitos, atrairá investidores e continuará competitiva.
- ATRAIR CONSUMIDORES
E não são apenas os investidores que estão criteriosos com as questões ambientais, sociais e de governança. Os consumidores estão também. Por isso, o quarto motivo é atrair consumidores.
Esta tendência dos consumidores está crescendo significativamente. E os dados indicam que a propensão é continuar crescendo, tendo em vista que as recentes gerações estão mais ligadas aos impactos da atividade empresarial e das responsabilidades deste setor. Ou seja, antes de comprar um produto ou realizar uma atividade estão analisando os impactos destes e de quem produz ou vende. A consequência é que cobram e fiscalizam mais. Esta nova característica dos clientes exige que as empresas se reinventem e se adaptem.
Assim, se a empresa estiver de acordo com o ESG, ela atrairá estes consumidores comprometidos. Consequentemente, terá maior retorno financeiro e também será mais competitiva.
- NÃO FICAR PARA TRÁS
Se os mercados, tanto de consumidores, quanto de investidores, estão exigindo estes critérios, quem não se adaptar ficará para trás em comparação com os concorrentes. Por isso, aplicar práticas ESG é a maneira disto não acontecer com a sua empresa!
O emprego dos princípios ESG na conduta da empresa tende a trazer apenas resultados positivos. Enquanto os termos ainda estão sendo conhecidos, as empresas que estão aplicando se tornam diferenciadas perante a concorrência. Porém, é preciso considerar também que, devido à propensão de crescimento, em determinado momento se tornará um critério básico. Deste modo, deixará de ser um diferencial e passará a ser uma exigência mínima para estar no mercado.
Estar de acordo com o ESG será como uma obrigação para os gestores, caso não queiram perder credibilidade ou, até mesmo, não serem esquecidos. Ademais, pode parecer uma projeção para um futuro distante, porém, não é. Grandes empresas como Banco Itaú, Petrobras, Natura e Ambev estão se adequando e se comprometendo com as causas ambientais, sociais e de governança.
Logo, é uma realidade. E quem não quiser ficar para trás, precisará “dançar conforme a música”.
- RETORNO PARA A SOCIEDADE
Por fim, o último motivo para você adotar em sua empresa os princípios ESG é levar um retorno para a sociedade. Como explicado anteriormente, o pensamento de que a empresa deve focar apenas no lucro está se tornando antiquado. Ele não basta para manter a empresa no mercado.
Por isso, espera-se que as empresas cumpram também com uma função social. Que invistam em um mundo melhor, mais ético, saudável e digno, e não apenas para os seres humanos, mas para a natureza também. Assim, os princípios ESG são a oportunidade para a sua atividade empresarial atuar em consonância com este novo foco. E de trazer um retorno positivo para a sociedade.
Ideias de como aplicar os três pilares do ESG
Acreditamos que agora você esteja convencido(a) de que precisa do ESG em sua empresa, certo?! Porém, a parte prática pode ser um empecilho. Por isso, agora iremos te mostrar ideias de como aplicar os três pilares do ESG, os quais deverão ser adaptados à realidade da sua atividade, estágio em que se encontra e possibilidade de comprometimento.
Antes de irmos pilar por pilar, gostaríamos de destacar dois documentos internacionais que podem funcionar como guias de aplicação: a Agenda 2030 e o Acordo de Paris. Eles são deveras importantes e atuar de acordo com eles significa estar em consonância com o ESG.
- Ambiental
- Substituir o uso de energia gerada pela queima de combustíveis fósseis por energias renováveis, como eólica ou solar.
- Reduzir significativamente ou zerar emissões de gases de efeito estufa, como ao adotar dias de home office ou elaborar um roteiro estratégico para entrega de produtos.
- Diminuir a geração de resíduos sólidos, o que pode ser feito pela eliminação de descartáveis que não sejam essenciais para a segurança dos trabalhadores.
- Melhorar o gerenciamento de resíduos. Ou seja, garantir que os resíduos que não puderam ser eliminados recebam o descarte ambientalmente correto.
- Evitar a poluição das águas, a qual pode ocorrer, por exemplo, pelo descarte de substâncias tóxicas.
- Respeito à biodiversidade. Lembre-se que a natureza engloba milhares de espécies de seres vivos, os quais dividem o planeta conosco.
- Adoção de medidas de prevenção a desastres e gestão de riscos.
- Social
- Elabore políticas de inclusão e diversidade. Garanta que o seu quadro de funcionários seja diversificado e não exclua pessoas socialmente vulneráveis.
- Atue em conformidade com a legislação. Uma estratégia para isto é a contratação de consultorias com escritórios de advocacia.
- Promova o bem-estar no ambiente de trabalho, tanto entre os próprios funcionários, quanto entre a diretoria e os funcionários.
- Execute ações positivas com a comunidade local. Contribua para projetos sociais desenvolvidos por esta comunidade.
- Auxilie no desenvolvimento intelectual dos funcionários e colaboradores.
- Governança
- A empresa deve atuar com ética e transparência em todas as relações em que está envolvida.
- Garanta que os Conselhos incluam a diversidade.
- Novamente, esteja em consonância com a legislação em todos as práticas executadas.
- Delimite as responsabilidades e encargos dos diretores e acionistas.
- Elabore ações de combate à corrupção.
Estes são alguns exemplos de condutas com os princípios ESG, os quais podem ser aplicados em sua empresa. Lembre-se que eles não são excludentes e não existe apenas um certo. Por isso, você consegue elaborar suas políticas conforme a sua realidade.
DICAS BÔNUS
Nós ainda separamos duas dicas bônus para você obter ainda mais sucesso!
A primeira é: tenha cuidado com o Greenwashing.
Greenwashing é uma prática, que está inserida no direito consumerista, na qual as empresas dizem estar adotando políticas sustentáveis, porém, na realidade não estão. Ocorre, por exemplo, quando a empresa insere no rótulo que se trata de um produto “amigo do meio ambiente”, mas na realidade não é, ou, o produto pode até ser, mas as condutas da empresa não são. É quando o discurso se difere da prática.
A problemática de adotar o Greenwashing nos produtos ou campanhas da empresa ocorre, além dos impactos ambientais, pela insatisfação e até boicote por parte dos consumidores. Isto é, os clientes, que estão atentos, podem identificar a prática de Greenwashing e se sentirem enganados, além de que, pelo frequente uso das redes sociais, podem iniciar campanhas de boicote à empresa.
Sabemos que não é isto que você quer. Então, cuidado para não praticar Greenwashing! Tenha comprometimento com as causas assumidas e certeza de que de fato estão sendo positivas para o meio ambiente, caso contrário, uma campanha criada para atrair consumidores, poderá ter o efeito reverso e afastá-los.
A segunda dica é: monte uma comissão.
Para maior eficiência, você pode montar uma comissão de ESG, a qual será responsável por pensar em estratégias para aplicação dos princípios. A comissão poderá ser composta por colaboradores e funcionários de diferentes funções e hierarquias, e poderá elaborar medidas de acordo com a realidade da empresa, procurar novas práticas e adaptá-las, implementar as estratégias elaboradas e, ainda, apresentar os resultados, por meio, por exemplo, de um relatório mensal.
Além disso, é uma maneira de envolver os funcionários e colaboradores, aumentar a conscientização e incentivar o trabalho em equipe.
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