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Dano Estético: conheça seus direitos após um procedimento mal sucedido.  

Escrito por CHC Advocacia

Imagine a seguinte situação: você se submete a um procedimento médico ou estético com a expectativa de melhorar sua autoestima. Contudo, o resultado não é o esperado e você se depara com um dano estético, ou seja, uma lesão que desfigura seu corpo e que compromete não só sua aparência, mas também sua confiança e bem-estar emocional. Essa situação, infelizmente, é mais comum do que gostaríamos de acreditar.

Saber identificar o que caracteriza um dano estético, quais são seus direitos e como proceder legalmente é necessário para buscar a reparação adequada e recuperar sua qualidade de vida.

Se você – ou alguém que conhece – está passando por essa situação, é importante saber que existem caminhos legais para buscar uma reparação. Vamos explorar juntos cada um desses aspectos para que você possa tomar decisões informadas e garantir seus direitos.

Acompanhe este artigo para entender em detalhes o que é o dano estético, as normas que tratam sobre o assunto, os critérios de avaliação, as formas de reparação, as provas que costumam ajudar o paciente em um processo judicial, deveres dos profissionais de saúde, a responsabilidade civil médica e os aspectos éticos envolvidos. 

O que é o dano estético? 

O dano estético é a alteração negativa na aparência física de uma pessoa, com caráter definitivo e irreversível, resultante de um procedimento médico, odontológico, estético ou decorrente de acidentes, por exemplo, como cicatrizes, deformidades, assimetrias e outros defeitos que afetem a harmonia e estética corporal. 

No Brasil, a legislação que regula o dano estético está embasada no Código Civil, especialmente no artigo 186, que aborda a responsabilidade civil por danos causados a terceiros. Além disso, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) oferece proteção ao consumidor contra práticas inadequadas de serviços médicos e estéticos.

O Código de Ética Médica também desempenha um papel importante, pois define os deveres e responsabilidades dos profissionais da saúde em garantir procedimentos seguros e informados.

Esse conjunto de normas visa garantir o direito dos pacientes de serem informados sobre todos os aspectos do procedimento a que serão submetidos, incluindo possíveis riscos e complicações, e assegurar que qualquer dano causado seja devidamente reparado.


Além disso, a legislação brasileira garante que, em casos de danos estéticos, o paciente tem direito a uma reparação justa, que pode incluir indenização em dinheiro e tratamentos reparadores, eis que fundamentais para assegurar a recuperação física e emocional do paciente.

O profissional tem responsabilidade pelo dano estético? 

A responsabilidade civil médica diz respeito à necessidade de médicos e outros profissionais de saúde responderem por eventuais danos que causarem aos pacientes. Esses danos podem ocorrer devido a falhas na prestação do serviço, como falta de habilidade, negligência, imprudência ou imperícia.

No contexto da responsabilidade civil médica, distinguimos dois tipos principais: a responsabilidade objetiva e a responsabilidade subjetiva.

Quando se trata de um profissional liberal, como um médico, dentista, fisioterapeutas e esteticistas, a responsabilidade civil é predominantemente subjetiva. Isso significa que, para que o profissional seja responsabilizado, é necessário comprovar a culpa por parte deste.

O paciente deve demonstrar que o dano estético foi resultado da negligência, imprudência ou imperícia do profissional. Essa prova pode incluir a comprovação da falta de informações detalhadas sobre os riscos do procedimento, erros na execução do procedimento ou o descumprimento das normas técnicas.

Por exemplo, se um paciente vai a um dentista para um tratamento estético e, durante o tratamento, o dentista não segue os procedimentos adequados, utilizando materiais de baixa qualidade que resultam em manchas e deformações nos dentes, o paciente precisa provar que esses danos foram causados pela negligência do dentista. Nesse caso, a responsabilidade do dentista só será confirmada se for demonstrado que ele não tomou os cuidados necessários ou não esclareceu os riscos e a qualidade dos materiais utilizados. 

Por outro lado, a responsabilidade civil da clínica onde o procedimento foi realizado é objetiva. Isso significa que não é necessário comprovar a culpa para que a clínica seja responsabilizada. Basta demonstrar o nexo causal entre o procedimento realizado e o dano sofrido pelo paciente.

Para exemplificar, imagine que um paciente realize um tratamento estético em uma clínica e, durante o procedimento, ocorra um erro técnico que resulte em uma deformidade estética visível. Se for comprovado que a deformidade foi causada pelo procedimento, a clínica será responsabilizada pelos danos, independentemente de terem sido cuidadosos ou não. Aqui, o foco é apenas a relação causal entre o procedimento e o dano sofrido pelo paciente.

Além disso, a responsabilidade civil médica também envolve o dever de informar detalhadamente o paciente sobre os riscos e benefícios dos procedimentos. Esse dever de informação é fundamental para que o paciente possa tomar decisões livres, informadas e conscientes. O profissional deve fornecer todas as informações necessárias para que o paciente entenda os riscos envolvidos e possa consentir de forma informada.

Portanto, ao falarmos de responsabilidade civil por erro médico, é necessário compreender que a responsabilidade do profissional liberal é subjetiva, exigindo a comprovação de culpa e do nexo de causalidade, enquanto a responsabilidade da clínica é objetiva, necessitando apenas do nexo de causalidade entre o procedimento e o dano sofrido pelo paciente.

 

A importância do consentimento informado e do adequado esclarecimento ao paciente

O consentimento informado é o processo pelo qual o paciente recebe todas as informações necessárias sobre um procedimento médico ou estético, incluindo seus riscos, benefícios, alternativas e possíveis consequências. Esse consentimento deve ser dado de forma livre, consciente e voluntária, após o paciente ter compreendido todas as informações fornecidas.

Para que o consentimento informado seja válido, é necessário que o médico ou profissional de saúde siga alguns princípios fundamentais:

  • Clareza e Compreensibilidade: As informações devem ser transmitidas de maneira clara e compreensível, evitando jargões técnicos que possam confundir o paciente. O uso de uma linguagem simples e acessível é indispensável.
  • Exaustividade: O profissional deve fornecer todas as informações relevantes sobre o procedimento, incluindo:
  • Riscos: Potenciais complicações e efeitos adversos.
  • Benefícios: Vantagens e resultados esperados do procedimento
  • Alternativas: Outras opções de tratamento disponíveis, incluindo os riscos e benefícios de cada uma.
  • Consequências: Possíveis desfechos do procedimento, incluindo os cenários prováveis e os mais raros.
  • Oportunidade: O consentimento deve ser obtido antes da realização do procedimento, garantindo que o paciente tenha tempo suficiente para refletir sobre as informações recebidas e tomar uma decisão informada.
  • Voluntariedade: O paciente deve ser livre para tomar a decisão sem qualquer forma de coação, pressão ou influência indevida. A decisão deve ser genuinamente voluntária.

Além do consentimento informado, o adequado esclarecimento ao paciente envolve um processo contínuo de comunicação. Não se trata apenas de uma única conversa ou documento assinado, mas sim de um diálogo constante entre o profissional de saúde e o paciente.

O esclarecimento deve ser parte de cada consulta e interação, ajustando-se às necessidades e dúvidas do paciente ao longo do tempo. De igual maneira, o médico deve estar disponível para responder perguntas e fornecer mais informações sempre que necessário.

Ademais, tudo deve ser documentado por escrito, incluindo uma declaração assinada pelo paciente, confirmando que recebeu todas as informações e teve a oportunidade de fazer perguntas. Esse documento deve ser mantido no prontuário médico do paciente.

É importante que o profissional entenda que cada paciente é único, e as informações fornecidas devem ser personalizadas de acordo com suas condições específicas, histórico médico e preocupações pessoais. O profissional deve adaptar a comunicação para garantir que o paciente compreenda plenamente.

Quando apropriado, o esclarecimento pode incluir familiares ou responsáveis, especialmente em casos que envolvem pacientes menores de idade, idosos ou incapazes de tomar decisões por si. A participação da família pode ajudar a reforçar a compreensão e a tomada de decisão informada.

Em casos onde surgem novas informações ou mudanças significativas no plano de tratamento, o paciente deve ser informado prontamente. O consentimento informado deve ser revisado e atualizado conforme necessário.

Importante ressaltar que o consentimento informado e o adequado esclarecimento ao paciente são essenciais tanto do ponto de vista legal quanto ético. Legalmente, a falta de consentimento informado pode resultar em ações judiciais por negligência ou violação dos direitos do paciente. Eticamente, respeitar a autonomia do paciente e fornecer informações completas e honestas são deveres dos profissionais de saúde.

Quando um paciente é submetido a um procedimento sem o devido consentimento informado, a responsabilidade civil do profissional de saúde pode ser questionada. A jurisprudência brasileira tem reconhecido cada vez mais a importância desse consentimento, considerando sua ausência como um fator determinante em muitos casos de litígio. 

Para entender melhor a responsabilidade dos profissionais de saúde e as normas que regem suas atividades em casos de danos estéticos, recomendamos a leitura do nosso artigo sobre Direito Médico.

O que fazer após um dano estético?

Sofrer um dano estético pode ser uma experiência angustiante, afetando diretamente sua dignidade, autoestima e bem-estar emocional. 

Os impactos do dano estético são duradouros e podem afetar várias áreas da vida do paciente, desde as relações sociais até as oportunidades profissionais e a vida pessoal. 

Existem diversas formas de reparação para danos estéticos, incluindo indenização pecuniária e tratamentos reparadores do dano, que podem ser requeridas através do poder judiciário.

A indenização pecuniária é uma compensação financeira pelos danos sofridos. Essa indenização pode incluir valores para compensar a dor e o sofrimento, bem como os custos de tratamentos médicos e estéticos adicionais.

De outro lado, tem-se os tratamentos reparadores, que incluem procedimentos médicos e estéticos destinados a corrigir ou minimizar o dano estético. Esses tratamentos podem tratar-se de cirurgias plásticas, terapias dermatológicas e outros procedimentos especializados.

Além da reparação física, a recuperação emocional é um aspecto importante do processo de reparação do dano estético. De igual maneira, o apoio psicológico pode ser necessário para ajudar o paciente a lidar com o impacto emocional causado.

Porém, para garantir que a reparação seja justa e adequada, é essencial que o dano seja devidamente avaliado e documentado.

A perícia médica desempenha um papel fundamental na avaliação do dano estético, eis que pode fornecer laudos técnicos que ajudam na quantificação do dano e na determinação da responsabilidade. A documentação fotográfica também é especialmente importante, uma vez que as fotos tiradas antes e depois do procedimento ajudam a evidenciar o impacto do dano sofrido.

Sabe-se que entre as causas mais comuns de dano estético estão erros em cirurgias plásticas, complicações em tratamentos dermatológicos e o uso inadequado de produtos químicos. Cada uma dessas causas pode resultar em danos diferentes à aparência do paciente, além de afetar tanto o aspecto físico quanto emocional, e por isso precisam ser avaliados individualmente por profissionais especializados.

Se você acredita que sofreu um dano estético, busque primeiro um advogado especializado que possa assistir você no processo de reunião de toda a documentação necessária. Ele também avaliará a viabilidade do caso, analisando se as provas disponíveis são suficientes para sustentar uma reivindicação, e desenvolverá uma estratégia jurídica que maximize as chances de sucesso em um processo judicial.

Além de representar o paciente em todas as etapas do processo judicial, garantindo que seus interesses sejam protegidos de maneira eficaz, um advogado especializado em responsabilidade civil e direito médico tem a habilidade de negociar acordos extrajudiciais, buscando a melhor solução para o cliente.

Dessa forma, a assistência de um advogado especializado não só aumenta as chances de obter uma reparação adequada, mas também oferece a segurança de que você está sendo representado por alguém com conhecimento na área, capaz de enfrentar as complexidades do seu caso de maneira eficiente e eficaz.

Vantagens do Acordo Extrajudicial em Casos de Dano Estético.

Optar por um acordo extrajudicial em casos de dano estético pode trazer diversos benefícios significativos.

Uma das principais vantagens é a rapidez na resolução, pois, ao contrário de um processo judicial que pode levar anos devido à burocracia e aos trâmites legais, um acordo extrajudicial pode ser alcançado em semanas ou meses, proporcionando uma reparação mais imediata para o dano sofrido.

Além disso, os custos envolvidos são consideravelmente menores, já que se evitam taxas judiciais, perícias e outros custos processuais, tornando essa alternativa mais econômica para ambas as partes.

Outro ponto importante é a redução de estresse e ansiedade. Envolver-se em um litígio judicial pode ser desgastante emocionalmente devido à incerteza do resultado e ao tempo prolongado de espera. 

Um acordo extrajudicial tende a ser menos confrontativo, oferecendo um ambiente mais colaborativo e menos estressante para todos os envolvidos, quando realizado com o suporte de um advogado especializado.

A confidencialidade e a privacidade também são garantidas, ao contrário dos processos judiciais, que são públicos e podem comprometer a reputação e a privacidade das partes.

A flexibilidade nas soluções é uma vantagem significativa, pois permite que as partes negociem termos e condições que melhor atendam às suas necessidades específicas, algo que não seria possível em um tribunal onde as decisões são impostas pelo juiz. Essa flexibilidade pode incluir soluções criativas e personalizadas.

Ademais, a resolução de conflitos por meio de acordos extrajudiciais tende a ser menos adversarial, o que ajuda a preservar as relações entre as partes.

Em casos onde o paciente pode continuar necessitando dos serviços do profissional ou da clínica para tratamentos futuros, manter uma relação cordial e profissional é extremamente benéfico.
Por fim, um acordo extrajudicial oferece maior controle sobre o resultado. Enquanto em um processo judicial as partes têm pouco controle sobre o desfecho, que será decidido por um juiz, um acordo extrajudicial permite que as partes envolvidas negociem e cheguem a uma solução mutuamente aceitável, garantindo uma maior satisfação e cumprimento das necessidades de ambos os lados.

Quais as principais dificuldades para provar um dano estético e receber a indenização?

Uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos pacientes em casos de dano estético é a prova do dano, pois a falta de evidências pode dificultar o processo de reivindicação e a obtenção de uma reparação justa.

Por essa razão, manter os registros dos atendimentos, procedimentos, consultas, pagamentos e de todos os documentos comprobatórios da situação, é essencial para sustentar uma reivindicação de dano estético. Esses registros devem incluir todas as informações sobre os procedimentos realizados, se os riscos foram informados e se as complicações ocorreram após a realização.

Não se esqueça que a documentação fotográfica é uma ferramenta poderosa para provar o dano estético. Fotos tiradas antes e depois do procedimento ajudam a demonstrar claramente o impacto do dano e a substanciar as reivindicações do paciente.

Se você ou alguém que conhece passou por um dano estético, lembre-se de que existem caminhos legais para buscar justiça e recuperar sua qualidade de vida. A CHC Advocacia pode te ajudar nesse e em vários outros temas de seu interesse!

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